" História, o melhor alimento para quem tem fome de conhecimento" PPDias

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Os efeitos da Grande Guerra sobre a população civil

A antiga conexão entre alimentos e sucesso militar foi expressa pelo dito de Napoleão [Bonaparte]: “Um exército marcha com seu estômago”. A Primeira Guerra Mundial, no entanto, encontrou uma situação nova, em que as populações civis, longe de qualquer campo de combate, tornaram-se vulneráveis à fome e à doença induzidas pela guerra.
A comida foi uma questão de vida e morte durante a guerra nas cidades do norte da Rússia, onde, em 1917, havia filas intermináveis para receber suprimentos mínimos e não regulados de provisões mais básicas. As filas para pão em Petrogrado, onde as pessoas permaneciam durante horas todos os dias e, às vezes, todas as noites, funcionavam como centros de informação não oficiais e tornaram-se incubadoras da Revolução Russa, iniciada em 1917. As filas também eram parte da vida no tempo de guerra na França, onde o racionamento de carvão, óleo e alguns alimentos pelo governo começou em 1918.
Na Grã-Bretanha, a guerra representou mais privação do que fome. No final de 1916, os controles do governo só permitiam que as lojas de alimentos tivessem metade de seu estoque. No início de 1918, quando a intensificação da guerra com submarinos estava afetando seriamente a importação de alimentos, foi introduzido o racionamento por pessoa, principalmente de açúcar, chá, margarina, bacon, queijo, manteiga e, a partir de abril [de 1918], carne.No início da guerra, os civis alemães confiaram na promessa do governo de uma guerra curta. Eles não estavam preparados para os efeitos do bloqueio Aliado, que começaram a surgir em poucos meses, particularmente em Hamburgo e Berlim. Em 1915, os berlinenses foram os primeiros alemães a receber cartões de racionamento de pão. Não demorou para que carne, laticínios, batata, açúcar, cereais e sabão também só fossem obtidos por meio dos cartões. Quando a carne se tornou escassa, as pessoas recorreram a iguarias duvidosas, como morsa em conserva e corvo cozido. O mercado negro cresceu e havia filas por toda parte. O inverno de 1916-1917 ficou conhecido como “inverno dos nabos”, porque, depois de uma colheita desastrosa de batatas, nabos e beterrabas tornaram-se alimentos básicos.
A guerra foi também um estímulo para a abertura de novas oportunidades de emprego. As mulheres foram trazidas para as fábricas francesas. Em 1918, mais de um milhão de mulheres na França estavam trabalhando em defesa nacional, armamento e aeronáutica. No Império Austro-Húngaro, em 1916, 42,5% dos trabalhadores na indústria pesada eram mulheres – a título de comparação, eram 17,5% em 1913. O mesmo aconteceu na Alemanha, onde, em 1918, as mulheres compunham 35% da
força de trabalho industrial. 
Maria Bochkareva
As mulheres passaram ainda a exercer atividades antes restritas aos homens, como dirigir ônibus e ambulâncias e também foram para as frentes de batalha. O Batalhão da Morte, do exército russo, todo composto de mulheres, foi organizado por Maria Bochkareva, que havia trabalhado como capataz de fábrica antes da guerra. Depois de fazer uma solicitação diretamente ao czar, ela conseguiu permissão para se tornar soldado e passou dois anos na trincheira.
Em 1917, quando havia alcançado o posto de sargento, Maria Bochkareva formou seu Batalhão da Morte feminino na esperança de levantar o estado de espírito de seus colegas soldados (muitos dos quais estavam desertando) e incitá-los a uma investida vitoriosa contra o inimigo. As mulheres de Bochkareva rasparam a cabeça e vestiram uniformes comuns do exército e antes de partir para a frente, reuniram-se em Moscou para receber a bênção da igreja russa.
Batalhão da morte de Maria Bochkareva. 


Adaptado de: WILLMOTT, H. P. Primeira Guerra Mundial.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. p. 124-130.

Fonte: Azevedo, Gislane Campos
História em movimento / Gislane Campos Azevedo,
Reinaldo Seriacopi. – 2. ed. – São Paulo: Ática, 2013.

sábado, 15 de julho de 2017

A Rota do Escravo - A Alma da Resistência





No filme "A Rota do Escravo - A Alma da Resistência", a história do comércio de seres humanos é contada através das vozes de escravos, mas também dos mestres e comerciantes de escravos.

Veja também:

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