" História, o melhor alimento para quem tem fome de conhecimento" PPDias

sábado, 27 de setembro de 2014

Mulher no poder...



Há 25 anos uma carangolense torna-se a primeira mulher candidata ao mais alto posto de governo no Brasil.

Em 2014 “o Brasil comemora 82 anos da conquista do voto feminino. O direito das mulheres em escolher seus representantes foi garantido em 1932, através do decreto 21.076 do Código Eleitoral Provisório, após intensa campanha nacional.
Com a consolidação da participação feminina nas eleições, a mulher passou a conquistar cada vez mais o seu espaço no cenário político brasileiro. Hoje, há mulheres em todos os cargos eletivos. Além da Presidência da República, exercem mandato duas governadoras, 11 senadoras, 45 deputadas federais e 134 deputadas estaduais.” (Fonte: tre-es)
Neste ano, as eleições para Presidente da República, pela primeira vez na história, contará com três mulheres na disputa pelo mais alto cargo do Poder Executivo nacional: Presidência da República. Sendo elas Dilma Roussef (PT), a qual tenta a reeleição; a ex-senadora Marina Silva (PSB) e a ex-deputada Luciana Genro (PSol), segundo as pesquisas de opinião divulgadas pela Imprensa, as duas primeiras candidatas teriam mais chance de ocupar o cargo de chefe da nação brasileira.
Tal fato, talvez se torne um pouco mais significativo ao lembrarmos que há 25 anos o Brasil voltava a eleger um presidente da República pelo voto direto, era a redemocratização do Brasil, o qual passara por 21 anos em ditadura civil-militar, onde o povo era privado de escolher os seus governantes, proibido de se expressar ou criticar o os detentores do poder, assim como vários outros direitos provenientes de um país democrático também eram restringidos.
A vontade do povo brasileiro, de escolher seus governantes foi representada pela campanha das “Diretas já!”, a qual reuniu milhões de pessoas em comícios pelas principais cidades do país, clamando  pela volta das eleições diretas, mas veio a frustração, Tancredo Neves foi eleito indiretamente Presidente da República, sucedendo assim o último militar no poder, João Figueiredo. Tancredo adoeceu e faleceu tempos depois, seu vice era José Sarney, o qual acabou assumindo o governo.
         Em 1989 o país volta às urnas  para eleger o Presidente da República, desde 1960 não havia eleições diretas no Brasil, 22 candidatos disputam o pleito, tendo Fernando Collor de Mello (PRN) eleito após uma disputa de segundo turno com o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. Collor obteve 35 milhões (53% dos votos válidos) contra 31 milhões (47 %) de Lula. Em 1992, o presidente sofreu impeachment e o vice, Itamar Franco, assumiu. Mas, algo que também se destaca nesta eleição é a candidatura da primeira mulher à presidência da República Federativa do Brasil, a advogada mineira Lívia Maria Lêdo Pio de Abreu, do extinto Partido Nacionalista. Entre os 22 candidatos, número insuperável até hoje, tínhamos uma carangolense, bancária, residente do Distrito Federal, na disputa pela vaga mais cobiçada no Palácio do Planalto. A Dra. Lívia ficou em 16º. lugar, com 179.925 votos, o equivalente a 0,25% do total.
         Mesmo não tendo a expressividade das candidatas ao pleito atual, a candidatura de Lívia Maria marca uma grande conquista feminina na história do Brasil, a conquista das mulheres poderem ver-se representadas. Hoje em dia, mesmo com cotas para mulheres nos partidos e na disputa pelos cargos eletivos, a participação feminina na política ainda é baixa comparada a outros países. Na comparação com 34 países das Américas, ocupa o 30º lugar em participação parlamentar.

Principais conquistas das mulheres na política brasileira
- Em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito de participar das eleições como eleitoras e candidatas.
- Em 1933, Carlota Pereira de Queirós tornou-se a primeira deputada federal brasileira
- Em 1979, Euníce Michiles tornou-se a primeira senadora do Brasil.
- Entre 24 de agosto de 1982 e 15 de março de 1985, o Brasil teve a primeira mulher ministra. Foi Esther de Figueiredo Ferraz, ocupando a pasta da Educação e Cultura.
- Em 1989, ocorre a primeira candidatura de uma mulher para a presidência da República. A candidata era Maria Pio de Abreu, do PN (Partido Nacional).
- Em 1995, Roseana Sarney tornou-se a primeira governadora brasileira.
- Em 31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff (PT)  venceu as eleições presidenciais no segundo turno, tornando-se a primeira mulher presidente da República no Brasil.



Leia também:  http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/lugar_de_mulher_e_na_praca_publica.html

sábado, 6 de setembro de 2014

Por que gostamos de História

Entrevista com o Historiador Jaime Pinsky

Jaime Pinsky é historiador com muito orgulho. Mas é, igualmente, o principal nome por trás da editora Contexto. Jaime Pinsky é, portanto, editor e empresário. Como passou de um extremo ao outro, sem deixar o historiador de lado, e conciliando, ainda, família e trabalho é assunto desta Entrevista. Desde o comércio de seus pais em Sorocaba, e sua ligação ancestral com os livros, passando pela História, e até pela fundação da editora da Unicamp, Jaime Pinsky nos fala de uma vida de realizações, até a Contexto, até seu mais novo livro: Por que Gostamos de História? Como se não bastasse, e sem esquecer seu lado articulista de jornal, nos brinda com impressões sobre as recorrentes "manifestações de junho"... ― JDB

Em Por que Gostamos de História, você conta um pouco da venda de seus pais, em Sorocaba. Como foi nascer um historiador filho de comerciantes? Como você chegou na História?

Mesmo que eu não fosse historiador profissional precisaria recorrer muito à História. Nasci e cresci em um bairro operário de Sorocaba, ao lado de várias indústrias. Os fregueses do meu pai eram, quase todos, trabalhadores têxteis ou das oficinas da então Estrada de Ferro Sorocabana. Apitos das fábricas regulavam meus dias, dias de pagamento dos operários determinavam o fluxo de caixa da loja do meu pai, feriados cristãos e festas judaicas, mais do que o registro dos meses, marcavam o ano para mim.

Compreender o que acontecera com a grande família dos meus pais na Europa (mais de 100 parentes foram trucidados pelos nazistas), entender as greves e os movimentos operários dos amigos do meu pai em Sorocaba, situar-me como ser histórico no meio disso tudo era fundamental. Seria estranho eu não ter me tornado historiador.

Depois, mais para frente, você monta e dirige a editora da Unicamp. Agora, gostaria de saber como o historiador foi se encaminhando para o trabalho editorial?

Quando, muito jovem, e defendi meu doutorado na USP, a Faculdade de Filosofia de Assis, onde eu trabalhava, decidiu publicar, entre outras teses, a minha. Uma gráfica de São Paulo foi encarregada de editar a obra. Foi quando me aproximei do trabalho editorial pela primeira vez (estou falando de livros; já havia colaborado em jornais de Sorocaba, escrito no jornal escolar e fundado um outro chamado A luta estudantil).

Depois disso colaborei com várias editoras como coordenador de coleções, selecionador de obras, conselheiro etc. Quando o reitor da Unicamp decidiu criar a editora da universidade e nomeou um conselho, fui escolhido pelos colegas para ser o diretor-executivo, cargo que exerci por quase 5 anos.

Mais adiante, você funda a sua própria editora, a Contexto. Então, desta vez, pergunto: como o historiador passou a editor e, finalmente, empresário do mercado editorial?

Com a mudança de reitor na Unicamp coloquei o cargo à disposição, permaneci (a pedido dele) mais alguns meses, mas já inoculado pelo vírus da atividade editorial, com um projeto claro na cabeça (aproximar os produtores do saber, principalmente na Universidade, do leitor; promover a circulação do saber) decidi colocar minhas economias no projeto de uma editora própria.

A ideia inicial era formar uma sociedade com colegas da Unicamp e da USP, mas estes preferiram não investir dinheiro ― trabalhando apenas como coordenadores de áreas.

Desta forma instalei a Contexto em minha própria casa, colocando uma máquina de composição em plena sala (em cujos cantos ficavam pilhas de livros recém-chegados da gráfica). Em nenhum momento tive medo, tinha certeza de que o projeto daria certo.

Hoje, como você se divide? Qual Jaime Pinsky prevalece? Sei que equilibrar trabalho intelectual com administração de uma empresa não é para qualquer um. Logo, qual é o seu segredo?

O mundo de hoje permite uma multiplicidade de identidades, desde que elas não sejam contraditórias.

Livre de atividades administrativas na universidade, sem obrigações de aulas, aos poucos deixei de participar de bancas de doutorado e parei de dar pareceres em projetos apresentados aos órgãos financiadores de pesquisa (isso toma muito tempo de quem leva essas tarefas a sério).

Durante alguns anos administrei sozinho a Contexto, mas, com seu crescimento, comecei a procurar um sócio. Depois de cogitar de alguns nomes, decidi convidar, para fazer parte da empresa, meu filho Daniel, que tinha estudado administração de empresas. Ele cuida das áreas comercial e administrativa.

Com isso posso me dedicar mais à área editorial e de produção. Dividimos, é claro, as grandes decisões em todas as áreas.

Ora, a área editorial consiste, primordialmente, em selecionar textos, ler e escolher, sugerir alterações. A editora tem quase 1000 autores, grande parte da nata dos produtores de conhecimento (os que produzem, não os que ficam fazendo fofoca nos corredores das faculdades). É um privilégio trocar ideias com essa gente.

Ainda sou muito convidado para palestras (aceito poucas, sou um pouco preguiçoso), mas com a leitura que faço dos originais, de textos apresentados para tradução, com as conversas que tenho com os autores, acho que sou hoje melhor historiador do que quando estava na ativa dando aulas.

Veja também:

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