" História, o melhor alimento para quem tem fome de conhecimento" PPDias

domingo, 25 de novembro de 2012

A História e o Progresso ao Sabor do Vento

"Na sua maior parte a história faz-se sem autores. Não acontece a partir de um centro, mas da periferia. De pequenas causas. Talvez não seja tão difícil como se pensa fazer do homem gótico ou do grego antigo o homem da civilização moderna. Porque a natureza humana é tão capaz do canibalismo como da crítica da razão pura; é capaz de realizar as duas coisa
s com as mesmas convicções e as mesmas qualidades, se as circunstâncias forem propícias, e nesses processos a grandes diferenças externas correspondem diferenças internas mínimas.
(...) O caminho da história não é o de uma bola de bilhar que, uma vez jogada, percorre uma determinada trajetória; assemelha-se antes ao caminho das nuvens, ou ao de um vagabundo a deambular pelas vielas, que se distrai a observar, aqui uma sombra, ali um magote de gente, mais adiante o recorte curioso das fachadas, até que por fim chega a um ponto que não conhece e por onde nem tencionava passar. Há no decurso da história universal um certo erro de percurso. O presente é sempre como a última casa de uma cidade, que de certo modo já não faz bem parte do casario dessa cidade. Cada geração pergunta, com espanto: Quem sou eu, e quem foram os meus antepassados? Devia antes perguntar: Onde estou? e partir do princípio de que os seus antepassados não eram diferentes, apenas estavam num lugar diferente. Se assim fosse, já teríamos feito alguns progressos. "

Robert Musil, in 'O Homem sem Qualidades' - Escritor austríaco.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Resumo: Primeira Guerra Mundial em Power Point



A Revolta da Chibata



No início do século XX, poucos eram os jovens interessados em ingressar na Marinha. Muitas vezes, os marinheiros eram pessoas alistadas à força nas ruas ou nas prisões, ou menores pobres e órfãos enviados à Armada por juízes ou tutores.
As razões desse desinteresse variavam: baixos soldos, intensa carga de trabalho, alimentação de péssima qualidade e o longo tempo de serviço – entre nove e quinze anos. Havia ainda relatos de violência sexual contra os marujos e de castigos físicos que a corporação costumava aplicar aos marinheiros acusados de desobedecer às normas internas da corporação.
Entre esses castigos estava a palmatória, a prisão a ferros, a solitária e o mais temido de todos, a chibata, algo que não era exclusivo da Marinha brasileira. Outros países já haviam feito uso da chibata como “sistema disciplinar”, porém, durante o século XIV tal prática foi pouco a pouco abandonada: a Espanha a aboliu em 1823; a França, em 1860; os Estados Unidos, em 1862; a Grã Bretanha, em 1881.
No Brasil, entretanto, a chibata persistia. Em protesto contra essa prática, desde 1890 irromperam rebeliões de marinheiros em diversos estados brasileiros, como em Mato Grosso e no Rio Grande do Sul. A mais significativa delas, ocorrida em 1910 no Rio de Janeiro, contou com a participação de 2300 marujos, que assumiram o controle de vários navios de guerra e chegaram a matar cinco oficiais.
O estopim para a Revolta da Chibata – como ficou conhecida a rebelião – foi a pena de 250 chibatadas imposta ao marujo Marcelino Rodrigues Menezes, acusado de introduzir no encouraçado Minas Gerais, ancorado na Bahia da Guanabara, no Rio de Janeiro, duas garrafas de pinga.  Indignados, os marinheiros do navio se rebelaram no dia 22 de novembro de 1910, sob a liderança de João Cândido. Como um rastilho de pólvora, a revolta se estendeu imediatamente para outras embarcações de guerra. Senhores dos navios, os amotinados apontaram seus canhões para o palácio do Catete, sede do governo, exigindo o fim dos castigos físicos e a melhoria da alimentação e das condições de trabalho na Marinha.
O governo se comprometeu a atender as reivindicações e a conceder anistia aos revoltosos. No entanto, após deporem as armas, João Cândido e outros líderes da revolta foram presos e julgados. Muitos deles acabaram enviados para o Acre, obrigados a trabalhar na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. João Cândido ficou detido na ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, e chegou a ser enviado a um hospício, sob a acusação de sofrer de alucinações. Foi posto em liberdade em 1912 com a ajuda da irmandade da Igreja Nossa Senhora do Rosário, associação que lutou pelo fim da escravidão no Brasil e que custeou as despesas dos advogados de defesa do marinheiro. Como resultado da rebelião, o uso da chibata na Marinha foi extinto.

Fonte: GRANATO, Fernando. O negro da chibata. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.





Apesar de seu feito heroico, morreu anônimo e pobre, como carregador de peixes no Rio, em 1969. A conhecida música “O Mestre-sala dos mares”, de João Bosco e Aldir Blanc, foi composta em homenagem a João Cândido.





O Mestre-sala dos mares (João Bosco e Aldir Blanc)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias

Glória à farofa
à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Elogio da História.



"Nenhuma realidade é mais essencial para a nossa autocertificação do que a história. Mostra-nos o mais largo horizonte da humanidade, oferece-nos os conteúdos tradicionais que fundamentam a nossa vida, indica-nos os cr
itérios para avaliação do presente, liberta-nos da inconsciente ligação à nossa época e ensina-nos a ver o homem nas suas mais elevadas possibilidades e nas suas realizações imperceptíveis. 
Não podemos melhor aproveitar os nossos ócios do que familiarizando-nos com as magnificências do passado, conservando viva essa recordação e, ao mesmo tempo, contemplando as calamidades em que tudo se subverteu. A experiência do presente compreende-se melhor refletida no espelho da história. O que a história nos transmite vivifica-se à luz da nossa época. A nossa vida processa-se no esclarecimento recíproco do passado e do presente. 
Só de perto, na intuição concreta e sensível, e prestando atenção aos pormenores, a história realmente interessa. Filosofando procedemos a considerações que se mantêm abstratas. "

Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica' - Filósofo e psiquiatra alemão

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

As pirâmides da Bósnia.




Um estudo conduzido por um grupo de arqueólogos da Itália coloca em dúvida grande parte das certezas dos historiadores sobre o início das civilizações humanas. O motivo é uma investigação de carbono para datar a idade de uma pirâmide encontrada há sete anos na Bósnia. Surpreendentemente, a análise da matéria orgânica encontrada na Pirâmide da Bósnia do Sol indica que ela teria 25 mil anos, ou seja, seria 20 mil anos anterior aos babilônios e sumérios, civilizações que, supostamente, marcam o começo da história das civilizações humanas.

Até 2005, antes de ser descoberta, a pirâmide até então era conhecida como a Colina de Visoko, já que se pensava que ela era apenas um morro, por conta do seu tamanho (700 metros) e pela  cobertura vegetal. Contudo, de acordo com as investigações após a prova de carbono, esta pirâmide pertenceu a uma avançada civilização pré-histórica da qual não se tem nenhum conhecimento.

Enquanto isso, os pesquisadores estão fadados a tentar desvendar uma rede subterrânea localizada sob a pirâmide, em busca de mais informações sobre este achado. Já a comunidade científica, em um geral, terá que se empenhar em fazer um novo mapa da história das civilizações, caso seja confirmada a necessidade de se reescrever o que sabemos sobre isso.

Sob o sítio arqueológico de Visoko, na Bósnia, estão localizadas algumas pirâmides que são as maiores do mundo, maiores  até que as do Egito. São conhecidas três pirâmides: do Sol (220 m), da Lua (190m) e do Dragão (90m), que formam um triângulo equilátero perfeito. Sob as pirâmides, existem túneis e passagens entre as obras, além de rampas de pedra.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

15 enigmas arqueológicos que podem mudar os rumos da história da humanidade


Ruínas encontradas nos últimos anos podem mudar muito do que sabemos sobre a saga da humanidade. E lugares conhecidos, como Stonehenge, na Inglaterra, ainda têm o que revelar. Conheça os 15 maiores desafios apresentados hoje pelo nosso passado mais remoto

Tiago Cordeiro | 01/08/2012 18h27

Submersa na costa do Japão, uma pirâmide de 25 m de altura cercada por templos pode fazer parte da mais antiga cidade já encontrada. Até onde se sabe, a primeira surgiu na Mesopotâmia, meio mundo longe dali, por volta de 4200 a.C. Pois as ruínas na ilha Yonaguni seriam quase quatro milênios mais velhas. E esse é só um exemplo dos novos enigmas que podem virar de ponta-cabeça versões estabelecidas sobre a trajetória da humanidade.
(imagem: Corbis)
Falta ainda uma Pedra de Roseta para decifrar o grande mistério remanescente da Antiguidade: os hieróglifos indianos. Só com algo como o monolito que deu a chave para entender o Egito antigo, conseguiríamos traduzir essa escrita criada pelos harappianos, população que surgiu há 5 mil anos e desapareceu sem razão clara, assim como os rapanuis da ilha de Páscoa. O que levou à extinção desses povos? A resposta ajudará a evitar que situações parecidas se repitam? É possível. "A arqueologia é a ciência do futuro", diz Julian Thomas, diretor do Stonehenge Riverside Project. Esse, aliás, é um dos mais famosos sítios arqueológicos do mundo e está longe de ser explicado. Pode parecer contraditório, mas esse é um campo recente do conhecimento. A arqueologia surgiu no século 15 e só se organizou 400 anos depois. É pouco tempo para sistematizar teorias sobre a saga de 200 mil anos da nossa espécie. "O mais difícil é entender o período anterior à escrita", afirma a arqueóloga Kathryn Hirst, da Universidade de Iowa. Por isso mesmo, as marcas do passado são tão importantes. Conheça as 15 descobertas (estudadas enquanto você lê esta reportagem) que hoje mais intrigam os pesquisadores.

15º A Alexandria perdida

Imperador pode ter fundado sua capital sobre Rhacotis, uma pequena vila
Mistério - Ainda se buscam o túmulo de Alexandre e referências como a famosa biblioteca

Onde - Costa do Egito

Origem - 331 a.C.
A Alexandria moderna é a segunda maior cidade do Egito, com 4,1 milhões de habitantes. Abriga o principal porto do país e um grande centro industrial. Mas poucas cidades do mundo são tão procuradas por arqueólogos - de preferência os que sabem nadar. É que, diante da cidade atual, no mar Mediterrâneo, estão os restos da Alexandria fundada em 331 a.C. por Alexandre, o Grande, uma das mais influentes cidades de seu tempo. Com os recursos recentes de investigação submarina, os pesquisadores se acostumaram a encontrar maravilhas na região - o maior sítio arqueológico debaixo d’água do mundo abriga mais de 2 mil peças, principalmente estátuas e colunas. Nada disso era conhecido antes de 1991. "Os artefatos dão um quadro mais completo da vida na cidade", diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Algumas das descobertas trazem novas dúvidas a respeito do cotidiano de seus moradores. Até recentemente, não se imaginava que a cidade havia sido fundada por Alexandre sobre um vilarejo chamado Rhacotis, mas, a respeito disso, ainda pairam mais dúvidas do que certezas. Muitos edifícios de renome ainda não foram encontrados, como a Biblioteca de Alexandria - ingleses suspeitam de sua localização desde 2004, mas não há confirmação. Também incerto é o paradeiro do túmulo de Alexandre - há quem duvide até mesmo que seus restos estejam na cidade. Destruída por uma guerra em 115 e devastada por um tsunami 250 anos depois, a cidade foi reconstruída várias vezes nos últimos séculos. Os achados no antigo centro do helenismo podem virar o primeiro museu subaquático do mundo. O problema é que o sítio é puro caos. Há peças de várias épocas e estilos, hieróglifos de faraós desde 1880 a.C., colunas gregas e romanas e ainda esculturas de Heliópolis, cidade que ficava a 230 km de distância. Só o mapeamento da área vai levar décadas.


14º A primeira metrópole

Tell Brak inovou na forma de organização das cidades
Mistério - Povo desconhecido redefine ocupação da Mesopotâmia

Onde - Síria

Origem estimada - Anterior a 3900 a.C.
Há décadas, arqueólogos acreditam que as primeiras civilizações do Oriente Médio se desenvolveram na Mesopotâmia, na terra fértil entre os rios Tigre e Eufrates. Em 2007, Jason Ur, da Universidade de Harvard, anunciou a descoberta de uma cidade de 6 mil anos em Tell Brak. Localizada em 525 mil m2, a metrópole chegou a ter, por volta de 3900 a.C., um governo rigidamente hierarquizado. Cidades surgidas no mesmo contexto, como Ur, 300 anos antes, nasciam de um grupo de nômades, que definia um lugar adequado para se instalar. Tell Brak, porém, começou como vilarejos dispersos, que se agruparam em direção do centro, como uma região metropolitana. O que isso significa? Não se sabe ao certo, assim como são desconhecidos seus habitantes, por que viviam em um lugar tão seco e que tipo de religião seguiam. Em 2006, em Mugahara, também na Síria, surgiram evidências de ocupação da área: um mural de 11 mil a.C. e um cemitério de 3800 a.C. cujos corpos tinham os mais antigos sinais de mortes violentas de que se tem notícia.


13º As esculturas "alienígenas" da Costa Rica

Artefatos chegam a pesar 16 toneladas
Mistério - Civilização desconhecida

Localização - Rio Díquis, Costa Rica

Origem estimada - Anterior ao século 15
Pedras arredondadas com perfeição ao norte da América Central trazem um desafio diferente aos pesquisadores. Elas estão na Costa Rica, foram descobertas no delta do rio Díquis na década de 1930, são cerca de 300 e variam de tamanho, de poucos centímetros a mais de 2 m de diâmetro. Algumas chegam a pesar 16 toneladas. Sabe-se que foram obra de mãos humanas. Todas têm como matéria-prima uma rocha ígnea chamada granodiorito. Mas, para os ufólogos, os artefatos são um sinal inequívoco de inteligência extraterrestre agindo na Terra - teoria apresentada em 1971 pelo suíço Erich von Däniken, autor de Eram os Deuses Astronautas?

Os arqueólogos consideram que é tudo trabalho de alguma civilização antiga, já que as pedras costumam ser encontradas próximas a cerâmicas pré-colombianas. Qual civilização produziu as esculturas? Como? Ainda não há respostas.


12º Os "astecas" de Cuba...

Ruínas mostram que ilha já esteve ligada ao México
Mistério - Cidade submersa de povo incógnito

Onde - 
Mar do Caribe

Origem estimada - Desconhecida

Tudo começou há dez anos com um trabalho de exploração no mar do Caribe para instalar cabos de fibra ótica. Os sonares de uma empresa canadense encontraram, em área de Cuba, uma pirâmide de pedra com 67 m de altura. Pesquisas posteriores, com o uso de um minissubmarino, revela que o local, a 650 m de profundidade, abrigou uma grande cidade. "É impossível que aquelas pedras colocadas simetricamente sejam obra da natureza", diz o oceanógrafo Jean-Daniel Stanley, pesquisador do Museu Smithsonian de História Natural. O instituto é quem está explorando o local. "Não sabemos quem habitou o lugar ou quando. Mas a localização das construções sugere que Cuba já esteve ligada ao território mexicano por uma faixa de terra.


11º ...E os dos EUA

Anasazis escavaram palácios e moradias na rocha
Mistério - De onde vieram e como desapareceram os anasazis.

Onde - Divisa dos estados de Utah, Arizona, Novo México e Colorado

Origem estimada - Século 8
No caso dos anasazis, o começo da civilização é tão misterioso quanto o seu fim. Certo mesmo é que esses indígenas, que viveram nos EUA, surgiram por volta do século 8. "Não sabemos como eles nomeavam seu próprio povo. Anasazi era o apelido pejorativo dado pelos índios navajos: ‘Inimigo antigo’", diz John Ware, diretor da Amerind Foundation. Vizinhos de outros três povos nativos menos pujantes (mogollon, hohokam e patayan), os anasazis viviam em platôs 2,6 mil metros acima do mar. Em cânions verticalizados, aproveitaram a rocha para escavar moradias. Em 1997, foram encontradas pinturas que indicam que eles já conheciam a tecnologia dos pararraios. Não se sabe exatamente como eles surgiram e por quê, por volta de século 14, começaram a migrar muito rápido, aparentemente sem rumo, até desaparecer (ou apenas se diluir entre outros povos). A culpa seria dos períodos de seca intensa. A tese é contestada, já que outras fases sem chuva não haviam abatido os nativos. Hoje, vários povos indígenas americanos se dizem descendentes dos anasazis.


domingo, 11 de novembro de 2012

Projeto - Teatro do Dia Nacional da Consciência Negra.

Um pequeno apoio para os colegas professores que pretendem realizar algumas atividades em comemoração ao mês ou mesmo ao dia que celebra-se a Consciência Negra no Brasil, é sabido que o estudo da história e das manifestações culturais que estão relacionadas a cultura afro-brasileira devem ser trabalhadas durante todo o ano letivo, mas também não é segredo que durante o mês de novembro, especialmente no dia 20 (Dia Nacional da Consciência Negra) as escolas reservam um espaço em suas programações pra destacar a temática. Pensando nisso, rascunhei um pequeno texto (que humildemente chamo de teatral) que talvez possa ajudar os colegas professores a trabalhar o tema. O texto está sendo disponibilizado para quem interessar usá-lo, pode ser alterado ou acrescentado, de acordo com sua necessidade ou criatividade, apenas peço que seja dado crédito ao autor e que aqueles que por ventura realizarem o teatrinho, me informem pelo blog, e-mail, Twitter ou Facebook, se possível com fotos da apresentação, para que eu possa matar a minha curiosidade e ver se realmente a ideia foi aproveitada. 

sábado, 10 de novembro de 2012

Um pouco de reflexão histórica.

"A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja mais útil esforçarmo-nos por compreender o passado se nada sabemos do presente". Marc Bloch - Historiador

“O excesso de decoração está tomando o espaço do conteúdo”


por Walter Pinto
foto Alexandre Moraes

José Jobson Arruda é autor de dezenas
de livros didáticos

Professor aposentado da USP e titular do Instituto de Economia da Unicamp, Jobson Arruda é autor de História Moderna e Contemporânea, livro que atingiu a incrível marca de 15 milhões de leitores. Publicado durante o Regime Militar, o livro foi na contramão das interpretações impostas pelo regime policialesco instaurado, optando pelo materialismo histórico. Em entrevista ao Jornal Beira do Rio, o historiador critica os excessos imagéticos das produções gráficas; aponta a metodologia de transmissão de conhecimento que julga mais eficiente; comenta a relação nada pacífica entre professores universitários e livros didáticos e diz por que as editoras demoram a incorporar novos conhecimentos às obras para o ensino secundário.

Beira do Rio – A supervalorização de elementos gráficos nos livros didáticos atuais pode comprometer a qualidade dos conteúdos?

José Jobson Andrade Arruda – Os livros atuais apresentam pouco texto e muitas imagens. Valoriza-se muito a decoração. Não seria um problema desde que os excessos imagéticos não prejudicassem o conteúdo, mas o trabalhasse no sentido de facilitar a compreensão dos alunos. Atualmente, os autores escrevem textos e, ao mesmo tempo, precisam reforçar a aprendizagem. Então, lançam mão de diferentes estratégias. O problema surge quando a decoração se torna excessiva e começa a tomar o espaço do conteúdo. 

Beira do Rio – A partir da sua experiência, comente as metodologias utilizadas pelos autores, levando em conta a questão da informação. 

J.J.A.A.– Logo após o governo militar, uma corrente vigente, durante certo tempo, foi a História Temática. Acontece que a opção por eixos temáticos apresenta todos os defeitos das demais segmentações feitas no estudo da História.  O grande problema é que você tem que escolher um ângulo de ataque, tem que escolher uma opção. Como vou escrever tal história? Vou fazê-la segmentada? Vou começar pela História da Europa e depois partir para a História do Brasil? - a forma clássica. Ou vou fazer uma História Integrada? -  opção que tivemos num certo momento. Sou autor de um livro, já não mais editado, chamado História Integrada. Do ponto de vista da informação, penso que se trata da forma mais eficiente, porque concilia a sequência cronológica sem separar os conteúdos. Na História Integrada,  em vez da forma clássica, as Histórias da Europa e do Brasil surgem juntas. Foi assim que procedemos naquele livro. Quando se falou da Pré-História, introduzimos a Brasileira e a Americana. Com a expansão europeia, abordamos as Sociedades Pré-Colombianas. Quando tratamos da Revolução Industrial, inserimos  questões da indústria em todo o mundo, inclusive no Brasil. Mas essa História Integrada encontrou um obstáculo: os professores não tinham treinamento para trabalhar Grécia, Mesopotâmia, Império Romano e Idade Média com a mesma desenvoltura com que trabalhavam a História do Brasil. Os professores são treinados dentro de uma segmentação: os de História Geral e os de História do Brasil. Dentro desta última, há uma segunda segmentação: Brasil Colonial e Brasil Independente. Pessoalmente, não tive dificuldade em sala de aula com a abordagem integrada, porque fui professor de cursinho durante trinta anos. O professor de cursinho não pode escolher. Começa dando História da Grécia e acaba na Segunda Guerra Mundial ou começa pelo Brasil Colônia e termina na República. Acabei conquistando um domínio geral das temáticas, o qual me tornou capaz não só de fazer o livro, como também de ministrar os diferentes conteúdos. Mas esta não é a experiência de todos os professores. Então, alguns livros, como História Integrada, possuem uma ótica que considero adequada, mas impossível de ser realizada.

Beira do Rio – Qual o problema que o senhor aponta em relação à História Temática?

J.J.A.A.– A História Temática se aproxima mais da especificidade do professor. É a ideia de que se deve partir do mundo mais próximo a você, daquelas relações cotidianas, provavelmente, mais fáceis de serem entendidas pelos alunos, até atingir as questões mais gerais. Ora, na verdade, qualquer método serve. Você pode sair do singular e atingir o plural ou sair do plural e atingir o singular. O problema é se você faz essa viagem ou não. Essa é a questão. Porque, às vezes, você começa com um universo que é próximo, mas não consegue ultrapassar esse limite. Vou dar um exemplo: se preciso privilegiar a História do Pará, faço uma série de pesquisas e descubro que há uma História do Pará que não é a mesma História do Brasil. No Período Colonial, eram dois mundos praticamente à parte, apesar de terem a mesma metrópole conjugando os dois universos. Em determinado momento, em busca de uma identidade paraense na História, posso correr o risco de deixar de buscar as conexões do Pará com aquele outro Estado brasileiro. Então, vou deixar de ter um conhecimento histórico mais aprofundado, porque, afinal de contas, o Pará não estava isolado do resto do Brasil e, muito menos, do mundo. Esse é o risco da História Temática.

Beira do Rio – Por que o livro didático é tão criticado pelos professores universitários no Brasil?

J.J.A.A.– Eu conheço alguns livros--texto que são “livros didáticos” de ótima qualidade. O historiador Stuart Schwartz, especialista em Brasil, autor de 15 excelentes livros, entre os quais, o recente Cada um na sua Lei, possui um livro didático de altíssima qualidade nos Estados Unidos, utilizado e vendido em muitas universidades americanas. No Brasil, há um ranço negativo contra o “livro didático” nas universidades. Ora, os livros didáticos não são ruins; são instrumentos importantes. Mas, dependem de como são produzidos e utilizados. Essa visão que há contra o livro didático está relacionada, também, ao fato de o professor universitário se julgar um pouco superior a tudo aquilo que se faz no ensino secundário. Eu conheço muitos professores universitários que começaram dando aula em faculdades sem ter nenhuma experiência de sala de aula no ensino secundário, numa escola de periferia. Então, são pessoas que acabam se considerando um pouco superiores. Por outro lado, hoje, há uma pletora de livros didáticos sendo editados todos os anos. Então, vem a pergunta: o que esse material todo tem de novidade? Na verdade, é um material engessado. Vou citar um exemplo desse engessamento: dentro do tema migração portuguesa para o Brasil, há, no Pará, numerosas coisas que são absolutamente novas em termos de migração. Quando essas coisas novas vão passar para os livros didáticos? Eu respondo: vai demorar. No livro didático, entram coisas que são generalizadas por todos os outros livros didáticos, porque são aquelas cobradas nos exames vestibulares, no Enem ou em qualquer outro tipo de seleção. Todos esses exames são obrigados a trabalhar numa mediana do conhecimento, nunca na ponta. Então, trabalhando com conhecimento consolidado, numa perspectiva de continuidade, serão sempre avessos à inovação da História.

Fonte: Jornal  Beira do Rio  -  Publicado em Março de 2010

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Descoberta tumba de princesa egípcia.

Uma tumba de uma princesa egípcia da Quinta Dinastia faraônica foi descoberta por arqueólogos da República Tcheca ao sul do Cairo. De acordo com comunicado do ministro das Antiguidades do Egito, Mohammed Ibrahim, trata-se da Shert Nebti, filha do rei Men Salbo, de 2.500 anos a.C. Também de acordo com o governo egípcio foram encontrados mais quatro túmulos de funcionários da Quinta Dinastia, no complexo de Abu Sir, perto da pirâmide de degraus de Saqqara.
Os arqueólogos iniciaram os trabalhos de escavação no último mês, e a descoberta foi anunciada pelo governo do Egito na sexta-feira. Ainda não há previsão de data para a abertura do local para visitação pública.


Fonte: Daily Mail

Um pouco de reflexão histórica...


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Discurso final do filme: "O Grande Ditador"

Charles Chaplin em "O grande ditador"

"Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos
 outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. 
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. 
A aviação e o rádio nos aproximou. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, a união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora. Milhões de desesperados: homens, mulheres, criancinhas, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que podem me ouvir eu digo: não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá. 
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais, que vos desprezam, que vos escravizam, que arregimentam vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos. Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão. Não sois máquina. Homens é que sois. E com o amor da humanidade em vossas almas. Não odieis. Só odeiam os que não se fazem amar, os que não se fazem amar e os inumanos. 
Soldados! Não batalheis pela escravidão. Lutai pela liberdade. No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou grupo de homens, mas de todos os homens. Está em vós. Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas; o poder de criar felicidade. Vós o povo tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. 
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam. Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão. Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e a prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos. 
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos. Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam. Estamos saindo da treva para a luz. Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah. A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah. Ergue os olhos."


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fotos históricas adulteradas.




O photoshop é uma criação incrível, que nos permite retocar imagens adicionando ou retirando elementos, dando brilho, escurecendo, alterando formas e cores. Permite montagens, recortes e tem inúmeras ferramentas que qualquer leigo no assunto pode usar, para qualquer fim — inclusive para o mal quando, por exemplo, jornalistas, políticos ou historiadores inescrupulosos alteram fotos que documentam episódios, mentindo, desta forma, por meio das imagens.
Mas a manipulação de fotografias, por várias formas, inclusive artesanais, existe há muito tempo, e tem a idade da invenção da fotografia.
O site Four and six reuniu exemplos eloquentes de fotos históricas que foram manipuladas para atingir determinados propósitos. Como seria impossível relacionar e investigar todas as imagens importantes que, ao longo da história, sofreram alterações, o propósito do site é mostrar e analisar muitas que se tornaram notórias, controvertidas ou desafiaram a ética. Ou tudo isso junto.
Como as de vários líderes politicos que, além de escreverem a história de seu tempo – para bem ou para mal – quiseram alterá-na também nos registros, como Mao Tsé-tung na China e Josef Stalin na falecida União Soviética, que tinham a seu dispor especialistas em apagar das fotos personagens caídos em desgraça.
Este post é uma contribuição do leitor Roger. Confiram algumas fotos manipuladas:
lincoln
O icônico retrato de 1860, em litografia, do presidente americano Abraham Lincoln, acima à esquerda, é uma combinação de sua cabeça com o corpo de John Calhoun, 7º vice-presidente dos Estados Unidos.
stalin-com-e-sem-comissario
Excluir inimigos de fotografias era uma prática comum de Stalin. Aqui, nessa foto de 1930, um comissário foi banido após cair em desgraça com o ditador soviético.
Mao
Nesta fotografia adulterada de 1936, à esquerda, Mao Tsé-tung (que na foto está à direita, de mãos na cintura) removeu o dirigente do Partido Comunista da China Po Ku (o primeiro à esquerda na outra foto)1937-Hitler
Nesta fotografia adulterada, de 1937, Adolf Hitler removeu o ministro da Propaganda, Joseph Goebbels (o primeiro à sua esquerda na foto original). Nunca se soube o motivo.
1939-KingGeorge
Nesta foto de 1939, a exclusão do rei da Inglaterra, George VI (à direita na foto da direita), se deu, provavelmente, para que o primeiro-ministro canadense William Lyon Mackenzie King usasse sua imagem ao lado da rainha Elizabeth num cartaz eleitoral.
1961-cosmonaut.jpg
Aqui, o cosmonauta russo Grigoriy Nelyubov (a cabeça mais alta na foto acima) foi retirado da fotografia, datada de 1961, pois foi expulso do programa – liderada por Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a subir ao espaço –, na primeira equipe que saiu da órbita da terra. Supostamente, por mau comportamento.
1968-castro.jpg
Quando, no verão de 1968, Fidel Castro (à direita) aprovou a intervenção soviética na Tchecoslováquia, Carlos Franqui (no meio da foto original) cortou relações com o regime e foi para o exílio na Itália. Sua imagem foi removida dos registros fotográficos. Franqui escreveu sobre o seu sentimento de ser apagado: “eu descubro minha morte fotográfica. Que eu existo? Eu sou um pouco de preto, eu sou um pouco de branco, eu sou um merda, o colete de Fidel”.
Sep1976-gangoffour
A chamada Gangue dos Quatro, uma uma facção política radical composta por quatro dirigentes ultrarradicais do Partido Comunista da China que se destacaram durante a Revolução Cultural e foram posteriormente acusados de uma série de crimes, foi retirada da fotografia original de uma cerimônia em memória de Mao Tsé-tung realizado na Praça da Paz Celestial, em 1976.
1942-Mussolini
Orgulhoso, o ditador fascista da Itália, Benito Mussolini, excluiu da fotografia o tratador do cavalo, a fim de ficar mais heroico, em 1942.
Blair-com e sem alguns
Nesta foto, de 1865, uma inclusão, para variar: o General Sherman é visto posando com seus generais, mas o General Francis P. Blair (extrema direita) foi adicionado posteriormente. A foto acima é outra imagem da mesma sessão, na qual o general Blair não estava presente.
Grant-tres-em-uma1Aqui, nesta montagem de 1864, a ousadia foi maior…
Grant-tres-em-uma2
… o que parece ser o General Ulysses S. Grant na frente das tropas do Norte dos Estados Unidos no City Point, Virginia, durante a Guerra Civil Americana, é resultado de um retrato seu, cavalo e corpo do Major General Alexander M. McCook e ao fundo prisioneiros capturados na batalha de Monte Fisher – e nós podemos saber de sua origem graças ao ótimo trabalho de detetive dos pesquisadores da Biblioteca do Congresso.
1950-TydingsAcredita-se que esta fotografia adulterada contribuiu para a derrota eleitoral do senador Millard Tydings, em 1950. A foto de Tydings (direita) conversando com Earl Browder (à esquerda), líder do Partido Comunista americano, foi a intenção de sugerir que Tydings tinha ligações comunistas.

Fonte: Revista Veja

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